Há
seis anos, os integrantes da congregação da Igreja de Deus Pentecostal
do Brasil (IDPB) do Lírio do Vale, Zona Centro-Oeste, aprendem
novidades sobre uma área considerada tabu nas igrejas: o sexo.
A
pastora Vânia Medeiros Pinheiro, 47, com a pastora de jovens Priscina
Inocêncio, 23, e a filha de Vânia, Adriana Pinheiro, 27 (AMBAS NA FOTO),
pregam e ministram palestras estimulando e incentivando a prática do
sexo livre, dentro do casamento.
Para
elas, o casal deve experimentar posições além da mais tradicional para
manter relações sexuais, assim como também pode e deve usar produtos
estimulantes e roupas sensuais. “O sexo tem que ser bom tanto para o
homem quanto para a mulher e não é pecado ter prazer em praticá-lo”,
afirmou Vânia.
Com
a palestra denominada “O poder do sexo”, as pastoras tratam da
intimidade do casal, falando abertamente do que é pecado e do que não é,
que áreas do corpo podem ser exploradas para que o relacionamento
íntimo do casal seja satisfatório para os dois.
“O
que se vê nos meios evangélicos é que o homem é o único a ter direito a
prazer, enquanto as mulheres são proibidas disso, o que está errado
porque o sexo foi dado por Deus para o casal”, assegurou Vânia, que
realiza o trabalho com grupos na igreja e se surpreendeu com a
repercussão positiva, apesar da maioria das mulheres ainda ter
dificuldade de falar do assunto, tido como pecado.
CREMES E ROUPAS
Hoje, conforme explicam Vânia e Priscila, o sexo está banalizado, mas da forma como elas explicam, os casais experimentam e gostamm porque conseguem ‘recriar’ a vida sexual. Paralelo ao trabalho pastoral, elas vendem produtos usados para estimular a vida sexual, que vão desde cremes até roupas sensuais. O uso de produtos como cremes e “brinquedos” as levou, inicialmente, a uma sex shop, ato causador de constrangimentos.
Agora,
elas compram os produtos via correio e os comercializam. O consumo de
cremes e perfumes estimulantes é muito importante para as mulheres que,
segundo afirmam, necessitam de ‘algo a mais’ para o estímulo sexual.
Elas só condenam a masturbação e o uso de equipamentos como o vibrador,
capazes de prover o prazer solitário.
“O
sexo é para o casal, tem que ser prazeroso para os dois. Um tem que
estimular o outro”, ensinam Vânia e Priscila - esta última casada
recentemente - fazendo uso tanto dos ensinamentos das palestras quanto
dos produtos estimuladores do prazer.
Para
ensinar as posições capazes de garantir o orgasmo à mulher, elas
buscaram nos registros de livros como o ‘Kama-Sutra’ e redesenharam as
posições e atos para levá-los às palestras, entre eles, o sexo oral.
Outra inovação trazida pelas pastoras é a de que os casais podem e
devem, se quiserem, ir a um motel e desfrutar do ambiente estimulante.
“Temos
encontros que falam sobre posições que podem levar o casal ao orgasmo.
Com o esposo, isso não é pecado. Pode ser no motel, se a pessoa não se
incomodar”, afirma.
Bíblia revela diferença entre santo e profano
Até
no Antigo Testamento há ensinamentos sobre a prática sexual do casal
Roupas sensuais, perfumes e cremes ajudam a manter o “fogo” do
casamento Como separar o que é santo e mundano nessa área sempre tão
delicada é um segredo descoberto na Bíblia. Nos livros de Eclesiastes e
Cantares, ambos no Antigo Testamento, estão versículos exaltando o
prazer do sexo.
Salomão,
por exemplo, que teve mil mulheres, no livro de Eclesiastes fala do
corpo, dos olhos, dos seios da mulher, demonstrando que ele acariciava e
estimulava ao prazer.
“Ele
chamava a mulher de amada, a acariciava dizendo colocar a mão na
fechadura da mulher”, relatam as pastoras, que por isso, decidiram
quebrar outro tabu e passaram a vender lingeries, roupas íntimas, cremes
e perfumes, já que seria difícil as mulheres da igreja frequentarem um
sex-shop. O incentivo ao casal investir no relacionamento íntimo causa
reações, ainda que mínimas, dentro da igreja delas.
“Já
ouvi alguém falar que eu deveria trabalhar com a Bíblia, mas o
trabalho do pastor é mudar as mentes. Num sex-shop era constrangedor,
porque ali banalizam o sexo, mas nós damos o valor dado por Deus a ele”,
asseguram elas, citando que as mulheres têm um órgão – o clitóris –
cuja única função é dar prazer às mulheres.
“Foi
dado por Deus, não há porque ignorá-lo”, asseguram. Para elas, o
melhor sinal de que estão no caminho de Deus e não pregando algo
contrário à Bíblia é o resultado do trabalho. “Orientamos o casal a ler a
Bíblia, a buscar o significado das palavras”, dizem elas, afirmando
que, com isso, tiram das mulheres o sofrimento imposto às herdeiras de
Eva, a primeira mulher por meio de quem, segundo a Bíblia, o pecado
entrou no paraíso criado por Deus.
FONTE: A crítica via È Sertão
Por:Vadilson Oliveira
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