sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Terceiro menor bebê do Brasil, Bárbara volta à maternidade pela primeira vez após alta

Bárbara Dominguez chega à clínica Perinatal, em Laranjeiras, envolta em uma mantinha lilás — tão pequenina que mal se vê, por entre o tecido.
Os 2,770 quilos, porém, já são uma enorme conquista: a bebê nasceu no dia 30 de abril com apenas 440 gramas, o terceiro menor peso registrado no Brasil. Foram 106 dias de internação na UTI até a alta, em 15 de agosto. Ontem, ela voltou ao hospital para a primeira consulta de rotina.
— Minha gestação era normal, não sentia nada. Na 25 semana (fim do quinto mês), descobri que tinha pouco líquido e fui internada às pressas. Foi um grande desespero. Ela corria risco se ficasse na barriga ou se nascesse — lembra a mãe da pequena vitoriosa, Monique Povilaitis Dominguez, de 33 anos.


A primeira semana foi a mais difícil, conta o pai de Bárbara, Eduardo Souto Maior, de 38 anos. Ele e Monique se revezavam para ficar com a filha, mas nem ao menos podiam tocá-la. Ao lado da incubadora, contavam histórias para a menina.
— Imagina o que passa pela cabeça quando você vê a sua filha tão frágil? Nunca tínhamos ouvido falar sobre os casos de bebês tão pequenos assim. Foi um grande choque — conta Eduardo, que agora curte as noites em claro em casa, ninando Bárbara.
O caso de superação envolveu toda a equipe da UTI neonatal da Perinatal. Ontem, depois da consulta, enfermeiros, fisioterapeutas e funcionários da limpeza queriam rever a bebezinha.
— No começo, eles eram os pais e as mães dela. Eu só podia olhar e torcer. Essa conquista é fruto da garra da minha filha e do trabalho deles — agradece Monique.
Para Genilson Lopes, de 43 anos, a visita de Bárbara trouxe fé e esperança. Desde o dia 14, ele acompanha a luta da filha Giovanna, que nasceu com 625 gramas.
— Através dela, a gente vê que a nossa luta vai valer a pena — conta

Número de pequenos bebês cresce 15%
O número de recém-nascidos com menos de um quilo no Rio de Janeiro cresceu cerca de 15% na última década, apontam dados da Secretaria municipal de Saúde. Eles são os chamados "prematuros extremos", bebês que nascem com menos de 28 semanas de gestação e, por isso, têm os órgãos ainda pouco desenvolvidos.
— Os cuidados de pré-natal melhoraram muito, o que garante que mais bebês nasçam vivos, apesar do baixo peso — afirma o diretor clínico da UTI da Perinatal de Laranjeiras, Jofre Cabral.
Segundo o neonatologista (especialista em prematuros), o desenvolvimento de novas tecnologias e o maior conhecimento do funcionamento do organismo dos bebês também contribuíram para o aumento do índice.
— Esses pequenos pacientes são um desafio para o médico e toda a equipe. Num dia, estão muito bem. De repente, pioram — explica.
Os pulmões ainda imaturos têm dificuldade para absorver oxigênio. O organismo é mais vulnerável à infecções por fungos e bactérias. A pressão arterial varia e pode provocar hemorragias. Os olhos também são sensíveis.
— Os pais querem um bebê dos sonhos, gordinho, rosado. Quando nasce um bebê muito prematuro, cheio de riscos, tendem a ficar desesperançosos. O trabalho dos psicólogos é muito importante nessa hora.





Globo.com







Por:Vadilson Oliveira

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