quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Sexo em lugar inusitado, prazer em conhecer.

Foto: Ilustrativa.
Na sacada de uma igreja. Na subida de uma montanha. Durante o blecaute de uma boate. Na cozinha de um apartamento para alugar. Movidos pela excitação do perigo e do proibido, homens e mulheres experimentam transar em lugares para além das quatro paredes de um quarto. Neste Dia do Sexo (6/9), inspirada na cena recente de Michel, personagem de Caio Castro na novela Amor à vida, flagrado transando com Patrícia (Maria Casadevall) por uma câmera de segurança no provador de uma loja de departamento, a reportagem do NE10conversou com internautas sobre suas experiências nada convencionais.
Na adolescência, o sexo pode surgir como algo proibido e, independentemente do local, a relação por si só torna-se excitante. Quem nunca deu um sarro no sofá de casa, no terraço ou na escada do prédio que atire a primeira camisinha! Aos 18 anos, a médica Anita* transou com o namorado no capô do carro da mãe que estava estacionado na garagem de casa. "Enquanto o clima esquentava, meus pais assistiam TV na sala, que ficava no cômodo ao lado", lembrou aos risos. Anos mais tarde, a então balzaquiana foi procurar um apartamento para alugar e levou um 'amigo-colorido' para dar opinião. "Acabamos transando no balcão da cozinha. Deu pra perceber que o apartamento é bom", brincou.
Já o fotógrafo Fernando* encontrou um lugar bem mais inusitado para as primeiras experiências sexuais. O jovem, na época com 18 anos, e a namorada, 17, cursavam o 3º ano do ensino médio na mesma turma. No final da aula, eles se encontraram no terraço que ficava em cima da igreja do colégio para namorar. Ele conta que "algum funcionário da escola esqueceu o portão do terraço aberto. Era umas 17h. Fomos para um cantinho onde metade de uma mangueira cobria, e lá ficamos, naquele clima gostoso e com um pouco de medo que chegasse alguém".
Fernando e a namorada se encontraram no terraço que ficava em cima da igreja do colégio
Foto: divulgação
A busca por novas formas de prazer é constante e considerada sadia pelos sexólogos, desde que não provoque danos aos parceiros e nem a outras pessoas. "O ser humano usa muita fantasia e imaginação na esfera da sexualidade. Isso é natural", explica a terapeuta sexual e editora do Blog Erosdita, Julieta Jacob. Há casais que gostam de ser flagrados durante o ato sexual ou de correr esse risco, pois isso aguça a libido e lhes dá prazer.
Também movida pelo calor do momento, a arquiteta Sara* estava com um 'peguete' passeando de buggy na praia de Serrambi, Litoral Sul pernambucano, quando, de repente, o tesão bateu. "Paramos o carro numa área que não tinha banhista, apenas pescadores e começamos namorando dentro do carro, depois o negócio foi esquentando e fomos terminar a transa na areia da praia completamente nus em plena luz do dia, a despeito da presença dos pescadores que nos assistiam tudo enquanto pescavam", revelou. Situação parecida experimentaram a advogada Estela*, 24, e seu namorado, de 26. Aproveitando a maré baixa da praia de Santos (SP), eles atravessaram para a Ilha Urubuqueçaba, e tudo aconteceu na subida de uma montanha, num trecho de mata fechada. Ela lembra que "foi por volta do meio dia, então a possibilidade de flagra era bem grande. Mas essa possibilidade só aumentava meu tesão".
Há casais que gostam de ser flagrados durante o ato sexual ou de correr esse risco, pois isso aguça a libido e lhes dá prazer
Luiz* e uma garota que conheceu numa boate na Madalena, tendendo para o mesmo comportamento voyeur da arquiteta e da advogada e seus parceiros (obter prazer sexual através da observação de pessoas), resolveram chegar aos finalmentes em plena pista de dança, num espaço conhecido por blecaute, onde todas as luzes eram apagadas por alguns minutos ao som de música eletrônica. "A adrenalina estava a mil porque as luzes poderiam ser acesas a qualquer momento", disse o designer, que na época tinha 22 anos.
Julieta Jacob acrescenta que quando as variações sexuais estão fora do padrão socialmente aceito como "normal" (ou mais comum) dá-se o nome de desvio sexual, como por exemplo, atração por pés, voyeurismo e exibicionismo. O diagnóstico para esses transtornos, porém, esbarra em valores sociais, uma vez que o certo e o errado neste caso é uma questão cultural. Além disso, a pessoa precisa tomar cuidado com uma possível necessidade compulsiva de variação sexual (seja de lugar, posição ou parceiro), ao ponto de ser obrigatória para a obtenção da excitação e do prazer. "Qualquer prática sexual que gere sentimentos negativos, como medo, ansiedade e dependência, deve ser avaliada por um terapeuta sexual. Nesse caso deixa de ser uma busca saudável por prazer e exige tratamento", esclarece.
Ao contrário do casal da ficção citado no início da matéria, cujo vídeo com as cenas picantes foi parar na internet e quase rendeu-lhes demissão do emprego, os pombinhos representados nesta matéria nunca foram flagrados por quaisquer autoridades. Bom para eles, porque na vida real fazer sexo em lugar público, aberto ou exposto ao público é atentado ao pudor, sob pena de detenção de três meses a um ano ou multa (Código Penal - Título VI, Capítulo VI, Art. 233).
* Os nomes dos entrevistados foram trocados para proteger a privacidade deles
NE-10

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