O Mangueirão, em Belém, parecia o palco perfeito para os jogadores e a comissão técnica do Palmeiras festejarem a conquista da Série B do Brasileiro sem o risco de ouvir vaias, já que estavam longe dos exigentes torcedores do Pacaembu. Mas faltou o time fazer sua parte em campo: com atuação sofrível, perdeu por 1 a 0 para o Paysandu.
Com o resultado decepcionante, o Verdão correrá o risco de ter a festa esvaziada. A equipe segue precisando apenas de um ponto para ser campeão e tentará somá-lo às 16h20 (de Brasília) de sábado, no Pacaembu, diante do Boa. O título pode vir mesmo com derrota caso a Chapecoense não vença o Bragantino no mesmo dia e horário, em Santa Catarina.
De qualquer forma, foi muito pouco. A noite que poderia ser de comemoração teve uma invenção de Gilson Kleina, que deixou Fernando Prass no banco para dar ao goleiro Fábio sua primeira chance como profissional. O Papão, por sua vez, fez um belo gol trocando passes na grande área adversária até Yago Pikachu chutar nas redes vazias, aos 13 minutos do segundo tempo.
A irritação palmeirense ficou clara na expulsão de Henrique, que reclamou tanto que chegou a se jogar no chão e levou dois amarelos em poucos segundos para ser expulso. Já a torcida do Paysandu, que compareceu em excelente número, fez festa. O time continua na zona de rebaixamento, mas mostrou força e tenta continuar a campanha para não ir à terceira divisão enfrentando o Icasa às 21h50 (de Brasília) desta sexta-feira.
Wagner Carmo/Gazeta Press
O jogo – Gilson Kleina surpreendeu ao promover a estreia profissional do goleiro Fábio exatamente em uma das partidas mais importantes do time no ano. Mas a presença de Fernando Prass no banco não é a explicação para mais um desempenho nada empolgante do dono da melhor campanha da Série B do Brasileiro neste ano.
O técnico gostou da formação com três zagueiros na vitória sobre o Joinville, no sábado, e a manteve, independentemente da postura do Paysandu. André Luiz, Henrique e Marcelo Oliveira ainda tinham a proteção de Eguren, Márcio Araújo e também do ala Wendel, que mais parecia um lateral. Tudo para segurar o ímpeto do Paysandu.
Apesar de ter o veterano centroavante Marcelo Nicácio, o Papão apostava em um estilo de jogo rápido, inclusive com Nicácio pelos lados. A intensa movimentação acuou o Verdão no começo do confronto e Fábio, já aos seis minutos, executou com dificuldade a primeira defesa da carreira em cabeçada de Raul.
Felipe Menezes, titular por conta das lesões de Wesley e Mendieta e da presença de Valdivia na seleção chilena, mostrava, mais uma vez, que não tinha condições de ser o responsável na armação das jogadas. Mesmo no campo de defesa, dava dribles inúteis e perdia quase todos os passes que tentava, irritando Gilson Kleina.
Na marra, principalmente na correria de Márcio Araújo, o Palmeiras conseguiu adiantar um pouco o seu jogo para tirar o adversário de sua intermediária, mas faltava qualidade para Juninho levar a bola até Alan Kardec ou Ananias, atacantes que passaram quase todo o primeiro tempo como se fossem espectadores.
À medida que avançava, contudo, o Verdão ficava mais exposto na defesa, tanto que André Luiz levou cartão para conter os rápidos contra-ataques adversários. Em um deles, o estreante Fábio virou herói ao defender com as pernas um arremate de Marcelo Nicácio, aos 31 minutos.
Wagner Carmo/Gazeta Press
Só nos 15 minutos finais de primeiro tempo o Palmeiras deu mostras de que poderia controlar a partida, tocando a bola com tranquilidade e até criando boa oportunidade com Juninho, que soltou a bomba na grande área e parou nas mãos do goleiro Matheus. Antes do intervalo, Ananias ainda isolou ao concluir a única triangulação ofensiva de qualidade do time.
O período de descanso antes do segundo tempo, contudo, foi mal utilizado pelo líder da Série B. E muito bem aproveitado pelo Paysandu, que soube exercer uma pressão mais efetiva mesmo aos 41 segundos, em bola que Marcelo Nicácio apareceu livre na grande área e chutou muito longe do gol. Mas o aviso estava dado.
O Papão foi além da intermediária, fazendo da grande área do Palmeiras um setor propício para tocar a bola como quisesse. Assim, aos 13 minutos, com Henrique como espectador na pequena área, Djalma rolou para Pikachu só escorar com o pé para o gol vazio, embora o goleiro Fábio tenha sido o único a realmente se mexer para evitar que as redes fossem balançadas.
Kleina só resolveu mexer no esquema depois de ter sofrido gol, já que parecia satisfeito com o 0 a 0 diante de um time que segue na zona de rebaixamento. Abriu mão dos três zagueiros sacando André Luiz para apostar na movimentação de Serginho. Na prática, não foi além de abrir mais espaços para o contra-ataque paraense.
Sem saber o que fazer, o técnico transformou Márcio Araújo em lateral direito ao tirar Wendel e colocar o lateral esquerdo Fernandinho como meia e, no desespero, tirou o inútil Ananias para apostar na altura do centroavante Caio. Mas nada era capaz de salvar a sofrível atuação palmeirense no Pará. A expulsão de Henrique, se jogando no chão de tanto reclamar e levando dois amarelos em poucos segundos, já nos acréscimo, expôs a irritação do capitão de um time que passou vergonha nesta noite.
Gazeta Esportiva.
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