TORITAMA/RECIFE - Forros de bolso
com nomes de grandes hospitais do Recife foram jogados fora no lixão de
Toritama, no Agreste de Pernambuco. O material encontrado pelas equipes do Blog
de Jamildo/NE10 e do Jornal do Commercio nesta segunda-feira (24) foi despejado
em sacolas por caminhões de lixo no último sábado (22), segundo catadores que
trabalham no local.
O material estava largado,
amontoado, numa área mais afastada do lixão. Para chegar ao local é preciso
enfrentar uma pilha de dejetos.
O primeiro objeto encontrado pela reportagem
foi um retalho com a inscrição Angélica, mesmo nome da instituição de saúde
americana identificado nos tecidos que estavam nos contêineres apreendidos há
duas semanas no Porto de Suape, em meio a lixo hospitalar.
A Polícia Federal
investiga a importadora da carga, a Império do Forro de Bolso, nome fantasia da
NA Intimidade, empresa com sede em Santa Cruz do Capibaribe, também no Agreste.
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Com ajuda dos catadores, a
reportagem encontrou retalhos e forros de bolso já cortados e costurados com
nomes de hospitais do Recife e de outros Estados, além de pousadas cuja
localização não é conhecida. Havia material com as logomarcas do Hospital Jayme
da Fonte, Unimed Recife, Itacor, Hospital Estadual de Sumaré, Hospital Porto
Dias e das Pousada do Amor e Pousada Paraíso.
O nome do Real Hospital Português
aparecia em bolsos que aparentavam ter sido arrancados de calças, pois já
estavam devidamente tingidos e o contorno do forro apresentava costuras
arrancadas.
Aldenize Tenório cata material no
lixão de Toritama há três anos e disse nunca ter visto os forros antes.
"Vimos que era igual ao que estava passando na televisão. Esses panos
vieram nos coletores da prefeitura há, no máximo, três dias. Não mexemos porque
não interessa à gente", disse ela.
O Blog de Jamildo/NE10 informou o
que encontrou ao diretor da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária
(Apevisa), Jaime Brito. Ele prometeu investigar a denúncia, mas disse ser
difícil descobrir algo pois, a partir do momento em que o material é deixado
num lixão, a "rastreabilidade" fica comprometida.
Procurado pelo Jornal do
Commercio, o presidente da Associação dos Lojistas do Parque da Feira de
Toritama, Prudêncio Gomes, explicou que se as peças foram encontradas num lixão,
mostram que os fabricantes da cidade que as encontraram em meio à sua produção
tiveram a preocupação de descartá-las para não repassá-las aos compradores.
"Nós não vendemos lixo. Fabricamos moda. O fato das peças terem sido
jogadas fora mostra o esforço de uma minoria despreparada de fabricantes, que
não chega a 10%, de corrigir possíveis erros. Até porque ninguém comrparia as
peças se as vissem na feira. As fábricas sérias de Toritama trabalham com
forros de bolso personalizados, produzidos em Sergipe e Minas Gerais",
reforçou.
SURPRESA - O provedor do Hospital
Real Português, Alberto Ferreira da Costa, demonstrou surpresa ao saber que
tecidos com a logomarca do hospital foram encontrados em um lixão no Agreste
pernambucano.
"O Hospital não tem nenhuma
responsabilidade sobre os tecidos encontrados pela reportagem. Nós entregamos
todo o nosso lixo hospitalar para uma empresa autorizada pela CPRH (Companhia
Pernambucana de Meio Ambiente). Fazemos o descarte de acordo com a lei",
disse Ferreira.
Ele contou ainda que há alguns
anos o HRP realiza doações de lençóis em boas condições para o Hospital
Evangélico da Torre. "Ajudamos o hospital não só com lençóis, mas também
com equipamentos e outros materiais. Mas não acredito que essas doações tenham
ligação com os tecidos encontrados no Agreste". Sobre o fabricante que
fornece os lençóis para o Hospital Português, Alberto Ferreira informou que é a
empresa Santista, com sede no Rio Grande do Sul.
O Hospital Porto Dias, que
funciona em Belém, no Pará, também afirmou não ter responsabilidade sobre o
material encontrado em Pernambuco, mas passou informações que podem ajudar a
elucidar o ocorrido.
A diretoria do hospital contou
que, no inicío deste ano, encomendou uma remessa de lençóis para a empresa
paulista Sabie, especializada na confecção de enxovais corporativos. O material
foi devolvido pelo hospital porque foi cortado num tamanho errado.
Essa empresa teria enviado um
documento para o hospital informando que os lençóis seriam revendidos por um
preço abaixo do mercado para outros clientes.
O Hospital Porto Dias afirmou
ainda que o seu lixo hospitalar, seja infectante ou não, é recolhido por
empresa credenciada do seu Estado.
A reportagem também tentou entrar
em contato, por diversas vezes, com os diretores do hospitais Jayme da Fonte e
Unimed Recife, ambos na capital pernambucana; Itacor, que funciona em Teresina
(PI), e Hospital Estadual Sumaré (SP), mas não teve retorno. Os funcionários
das unidades informaram que não conseguiram localizar os diretores na tarde
desta segunda-feira.
Fonte: Blog do Valmir Andrade.
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