Agricultores estão em dívida com o BNB. Instituição está aberta para negociar com flexibilidade.
Mais de 138 mil agricultores paraibanos permanecem endividados com o
Banco do Nordeste (BNB), segundo o presidente da Associação dos
Mutuários do Crédito Rural da Paraíba, Jair Pereira.
O tema do endividamento dos produtores rurais foi debatido na manhã de
ontem na Câmara de Vereadores de Campina Grande, numa audiência pública,
com o objetivo de pressionar a Frente Nacional para lutar pela causa
dos agricultores com dívida na instituição financeira. Essa foi a 56ª
audiência realizada na Paraíba com esse intuito.
Segundo informou Jair Pereira, algumas dessas dívidas já se arrastam por mais de 20 anos.
O endividamento dos agricultores é oriundo de empréstimos feitos ao BNB,
facilitado por programas federais de ajuda a pequenos produtores
agrários, como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar (Pronaf).
As chuvas irregulares, a falta de assistência e capacitação dos pequenos
proprietários rurais estão entre os principais fatores que impedem que
essas dívidas sejam pagas, segundo o presidente da Associação dos
Mutuários.
O agricultor Manoel Sebastião Ferreira, do município Salgado de São
Félix, no Cariri paraibano, disse que fez um empréstimo de R$ 8 mil, em
1997, “mas os três anos que se seguiram foram de seca e, como eu não
tive lucro nenhum, não deu para pagar a dívida”, lamentou o agricultor.
Manoel Sebastião disse que não sabe nem o valor exato de sua dívida,
“deve tá por volta de R$ 20 mil”, informou.
O agricultor, de 78 anos, ainda acrescentou que hoje não tem nem mais
propriedade rural. “Tive que vender meu sítio para comprar uma casa na
cidade. Já não tenho mais condições físicas de lutar com agricultura. Só
me restou a dívida, e eu não tenho como pagar, pois só tenho a minha
aposentadoria”, declara.
O gerente geral do Banco do Nordeste, Alexandre Ramari, informou que o
BNB trabalha com recursos públicos. “Esses recursos são emprestados
através do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), que é
um tesouro nacional, e precisa ter um retorno para continuar o ciclo de
empréstimos. Se a dívida ficar parada vai prejudicar todo o processo”,
explicou o gerente.
Alexandre Ramari acrescentou que o Banco do Nordeste
está aberto a negociações, e, dependendo do caso, o prazo para
regularização da dívida pode chegar a até seis meses. “Estamos também
sendo pressionados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) que faz todo o
controle do FNE. Em nenhum momento o banco se negou a negociar”,
ressaltou o executivo do BNB.
Além da negociação direta com o banco, os
agricultores podem usufruir dos direitos previstos na lei 12.249/2010,
que prevê, inclusive o perdão total de dívidas de até R$ 10 mil, além de
descontos, que podem chegar a até 85% sobre dívidas acima desse valor.
Alexandre Ramari informou ainda que em Campina Grande e em todo o
Compartimento da Borborema, 200 agricultores já foram beneficiados com o
perdão total de suas dívidas e 1,6 mil tiveram descontos diversos. Ao
todo foram perdoados mais de R$ 1 milhão de débitos de pequenos
agricultores da região. “O que não podemos fazer é perdoar todas as
dívidas, mas estamos obedecendo o que manda a lei”, destacou o gerente
do BNB.
O presidente da Comissão de Agricultura, Indústria e Comércio de Campina
Grande, Rodolfo Rodrigues, diz que a Comissão está buscando solucionar a
dívida dos agricultores. “A Comissão tem buscado sempre contribuir com a
sociedade, não só em Campina Grande, mas onde for necessário, como está
acontecendo hoje, onde estamos trabalhando em prol de todos os
agricultores do estado, representados nessa audiência”, afirmou Rodolfo
Rodrigues.
Por:Vadilson Oliveira
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