Cobertos por guarda-chuvas e sacos plásticos, estudantes voltaram às ruas.Protestos já duram 3 meses; governo apresentou 3ª proposta de mudanças.
Manifestação desta quinta (18) em Santiago foi pacífica (Foto: Reuters).
Milhares de estudantes chilenos protestaram nesta quinta-feira (18) em
Santiago sob forte chuva em defesa da educação pública de qualidade,
mantendo assim a pressão sobre o governo que na véspera fez sua terceira
proposta para destravar o conflito.conflito.
Mesmo com guarda-chuvas, milhares de pessoas foram às ruas de Santiago (Foto: Reuters).
Frio, chuva e neve acompanharam os estudantes durante todo o trajeto.
Eles voltaram a se reunir na avenida Alameda para protagonizar o sexto
dia de protestos desde que o conflito com o governo foi iniciado, em
maio.
"Com chuva, frio e inclusive neve em algumas partes de Santiago, os
estudantes voltaram a sair às ruas", disse um dos líderes estudantis,
Camilo Ballesteros, para uma marcha que reuniu 40 mil pessoas, segundo
veículos locais.
Levando guarda-chuvas ou cobertos com sacos plásticos, os estudantes
buscavam demonstrar a força de seu movimento que defende o
fortalecimento da educação pública no Chile.
Diferentemente de outras convocações, desta vez não foram registrados
incidentes e, pelo contrário, houve danças e manifestações artísticas ao
longo da caminhada.
A manifestação também movimentava as redes sociais, nas quais foi
chamada de "marcha dos guarda-chuvas" e recebia milhares de mensagens de
apoio.
Propostas do governo
O novo protesto é realizado um dia após a apresentação por parte do governo de uma terceira proposta para destravar o conflito, que já se estende por quase três meses.
O novo protesto é realizado um dia após a apresentação por parte do governo de uma terceira proposta para destravar o conflito, que já se estende por quase três meses.
A proposta, classificada anteriormente pelos estudantes como ambígua,
amplia benefícios já concedidos a estudantes que recebem bolsas de
gratuidade e uma redução de juros dos empréstimos para financiar
mensalidades do ensino superior, mas não representa uma reformulação do
sistema educativo chileno, como pedem os estudantes.
"Acreditamos que houve avanços, mas estes ainda não respondem às
mudanças estruturais que requer a educação chilena, por isso, é
necessário continuar pressionando", completou Ballesteros.
A proposta de quarta-feira do governo oferece um pouco mais do que já tinha oferecido antes.
"Estamos colocando toda a carne na grelha", disse o ministro da
Educação, Felipe Bulnes, para endossar o esforço do governo em ampliar
os benefícios já existentes.
Em relação a uma proposta anterior e em resposta à gratuidade exigida
pelos estudantes para todos aqueles que não podem pagar por seus
estudos, o governo propôs ampliar a porcentagem de beneficiários de
bolsas de estudo de 40% a 60% dos estudantes em situação mais
vulnerável.
Além disso, propõe uma redução do juros dos créditos educativos, atualmente de 5,6% e que o governo diz que baixará para 2%.
O governo propôs também uma mudança constitucional para que o Estado
garanta a educação de qualidade e a desmunicipalização dos colégios
públicos, duas propostas simbólicas para os estudantes, que pedem uma
refundação do sistema e não meras mudanças no já existente.
Diferentemente
da capital, os protestos na cidade de Valparaiso tiveram conflitos
entre manifestantes e policiais nesta quinta (18) (Foto: Reuters)
Violência.
O presidente Sebastián Piñera, cuja popularidade caiu para 26% devido a
estes protestos estudantis, fez um chamado ao fim da violência, citando
especificamente as pedras e os coquetéis molotov lançados em outras
marchas de estudantes, mas não na desta quinta-feira.
Sem mencionar os estudantes, Piñera afirmou que esse caminho da
violência "prejudica a democracia, leva à perda da sã convivência, e tem
muitas outras consequências".
"Três meses de mobilizações e hoje há mais uma marcha. Evidência bruta
de que o governo não entendeu ainda o que os estudantes querem", afirmou
a socióloga e presidente da Corporação Latinobarômetro, Marta Legos.
"O governo está oferecendo 'fast food' e os estudantes estão pedindo
comida gourmet. Por isso não se entenderam ainda", completou.
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