Documento foi encontrado com chefe de uma milícia de São Gonçalo, RJ.Tribunal de Justiça diz que juíza teve proteção de 2002 a 2007.
Carro da juíza Patrícia Acioli, assassinada no RJ (Foto: Bruno Gonzalez / Agência O Globo).
O documento foi encontrado com Wanderson da Silva Tavares, o Gordinho, acusado de ser chefe de uma milícia em São Gonçalo, preso em janeiro deste ano em Guarapari, no Espírito Santo.
De acordo com fontes da polícia, nos últimos dez anos a juíza foi
responsável pela prisão de cerca de 60 policiais ligados a milícias e a
grupos de extermínio.
Em setembro do ano passado, seis suspeitos, ente eles quatro policiais
militares, foram presos. Segundo as investigações, todos faziam parte de
um grupo envolvido no assassinato de 11 pessoas em São Gonçalo. A juíza
Patricia Acioli foi quem expediu os mandados de prisão.
Ela trabalhava na quarta vara criminal de São Gonçalo. A juíza tem um
histórico de condenações contra criminosos que atuam na cidade.
Quadrilhas que agem na adulteração de combustíveis, no transporte
alternativo entre outros crimes.
EscoltaSegundo o presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, a juíza nunca pediu escolta, mas, por iniciativa do Tribunal, teve proteção intensa de 2002 a 2007, com três policiais fazendo a sua segurança 24 horas por dia.
Em 2007, Departamento de Segurança Institucional do TJ avaliou o caso e
verificou que não havia mais necessidade de segurança intensa. O
tribunal colocou, então, à disposição da juíza um policial para fazer
sua segurança.
Mas, segundo ele, a juíza dispensou a proteção do Tribunal. O
presidente disse ainda que é muito comum os juízes pediram para serem
liberados da segurança porque ela interfere na liberdade dos
magistrados.
O presidente disse ainda que, tão logo os assassinos sejam
identificados, serão enviados para presídios federais fora do estado do
Rio. Rebêlo informou também que está criando uma comissão de três juízes
para assumir a 4ª Vara Criminal de São Gonçalo. O grupo dará andamento
aos processos contra as milícias e máfias de transporte ilegal.
Rebêlo explicou que a iniciativa de reduzir ou retirar a escola de um
juiz "não é feita em cima da perna". Segundo ele, é resultado de um
estudo minucioso, com base numa série de diligências e informações.
Enterro
O corpo da juíza Patrícia Acioli será enterrado às 16h30 desta sexta-feira (12) no Cemitério de Marui Grande, no bairro do Barreto, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. A informação foi confirmada pelo próprio cemitério. A juíza foi morta a tiros durante a madrugada, quando chegava em casa.
O corpo da juíza Patrícia Acioli será enterrado às 16h30 desta sexta-feira (12) no Cemitério de Marui Grande, no bairro do Barreto, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. A informação foi confirmada pelo próprio cemitério. A juíza foi morta a tiros durante a madrugada, quando chegava em casa.
Segundo funcionários do cemitério, o corpo da juíza chegou ao local por
volta das 11h e está sendo velado na capela do Santíssimo.
'Crime encomendado', diz primo da vítima
Patrícia Acioli era considerada uma profissional 'linha dura'. Para o primo da vítima, Humberto Nascimento, não há dúvidas que se trata de uma execução.
Patrícia Acioli era considerada uma profissional 'linha dura'. Para o primo da vítima, Humberto Nascimento, não há dúvidas que se trata de uma execução.
"A Patrícia recebia ameaça.
Há pelo menos 5 anos ela vinha sendo ameaçada. Ela era considerada uma
juíza linha dura, martelo pesado que chama, com condenação sempre na
pena máxima. Ela estava assim tão despreocupada que o carro dela não é
blindado, (a casa) também não tem portão eletrônico, quer dizer ela iria
sair do carro de qualquer maneira para abrir. Então já era uma coisa
encomendada, foi coisa de profissional", diz o primo da vítima, Humberto
Nascimento.
O carro da juíza foi atingido com pelo menos 16 tiros. Foram
encontrados projéteis de dois tipos de armas - pistola 40 e 45 - no
veículo. Os disparos teriam sido feitos por criminosos em dois carros e
duas motos. O grupo fugiu. O veículo passa por perícia
na Divisão de Homicídios (DH), na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio,
que está à frente das investigações. Já o corpo de Patrícia foi levado
para o Instituto Médico Legal do Rio.
Marido é ouvido
De acordo com a DH, o marido de Patrícia, que é policial militar, está depondo. Ele não estaria em casa na hora do crime, mas ajudaria com informações sobre a rotina da juíza. Uma equipe da DH foi até a 4ª Vara de São Gonçalo, onde Patricia trabalhava, enquanto outros agentes estão na casa da juíza, em Niterói.
De acordo com a DH, o marido de Patrícia, que é policial militar, está depondo. Ele não estaria em casa na hora do crime, mas ajudaria com informações sobre a rotina da juíza. Uma equipe da DH foi até a 4ª Vara de São Gonçalo, onde Patricia trabalhava, enquanto outros agentes estão na casa da juíza, em Niterói.
A polícia também analisa imagens das câmeras de segurança do condomínio para onde a vítima havia se mudado havia três meses.
Patrícia era conhecida por atuar com rigor contra grupos de extermínio
que agem em São Gonçalo. Na lista de condenações há casos contra
milícias e máfias dos combustíveis e dos transportes alternativos.
Ameaça de morte e escolta
Familiares disseram que a vítima, de 47 anos, não tinha segurança e já tinha recebido, pelo menos, quatro ameaças de morte. Ela deixa três filhos.
Familiares disseram que a vítima, de 47 anos, não tinha segurança e já tinha recebido, pelo menos, quatro ameaças de morte. Ela deixa três filhos.
O presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros,
Nelson Calandra, disse que a juíza chegou a ter escolta, mas depois
dispensou a proteção. "Esta juíza, ela foi ameçada, andou com escolta e
depois que casou com um PM dispensou a escolta. Ela é mulher, tem 3
filhos, andar com agentes é uma situação que pode ter causado incômodo",
explicou.
O Tribunal de Justiça do Rio marcou uma coletiva às 11h desta sexta para falar sobre o caso.
O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir
Cavalcante, afirmou que o crime "foi uma barbaridade contra um ser
humano e, sobretudo, contra a Justiça brasileira e o Estado de Direito".
Cabral pede agilidade
A assessoria do governador Sérgio Cabral informou que ele já entrou em contato com o secretário de Segurança José Mariano Beltrame e a chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, pedindo agilidade na apuração do crime.
A assessoria do governador Sérgio Cabral informou que ele já entrou em contato com o secretário de Segurança José Mariano Beltrame e a chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, pedindo agilidade na apuração do crime.
Já Beltrame considerou o crime de extrema gravidade e informou que já
mobilizou as forças de segurança do estado para esclarecer o caso.
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