quarta-feira, 24 de abril de 2013

Pernambucana representa Brasil em concurso internacional de cartas



A pernambucana Maírla Marina Ferreira Dias, de 14 anos, é a vencedora do 42º Concurso Nacional de Cartas, promovido todo ano pelos Correios. A estudante da Escola Estadual Tomé Francisco da Silva, do município de Quixaba, no Sertão do Estado, vai concorrer à fase internacional da competição, promovida pela União Postal Universal (UPU), em Berna, na Suíça, sendo a única brasileira na etapa.
O tema deste ano foi “por que a água é um recurso precioso?”.



Em sua carta, a aluna se dirige aos jovens do mundo e relata o drama das famílias que precisam conviver com a seca no Semiárido de Pernambuco. “Na minha comunidade, assim como em muitas outras, o abastecimento das casas está sendo feito através de carros-pipa, pois os mananciais secaram completamente e a população já não recebe mais água encanada. Todos os pecuaristas tiveram seus rebanhos reduzidos drasticamente”, diz um dos trechos do texto.

Segundo dados da Secretaria de Agricultura do Estado, divulgados na última sexta-feira (19), a estiagem prolongada que atinge o Nordeste já deixou 122 municípios de Pernambuco em situação de emergência.

Veja, na íntegra, a carta da estudante:

Queridos jovens de todo o mundo,

Sou uma habitante do Nordeste brasileiro, mais especificamente do sertão pernambucano, e atualmente vivo o drama causado pela estiagem que afeta esta região desde o início de 2012. Na minha comunidade, assim como em muitas outras, o abastecimento das casas está sendo feito através de carros-pipa, pois os mananciais secaram completamente e a população já não recebe mais água encanada. Todos os pecuaristas tiveram seus rebanhos reduzidos drasticamente, afetando a produção de leite e carne bovinos. O saudoso Luiz Gonzaga retrata bem essa realidade em sua música Asa Branca: “Que braseiro, que fornalha, nenhum pé de plantação! Por falta d'água perdi meu gado, morreu de sede meu alazão!”

Diante desta situação, pode-se perceber a importância e a preciosidade da água. A falta de recursos hídricos no Nordeste ajuda a reafirmar que este é um bem indispensável a todos os seres vivos, já que se faz necessário em vários setores da nossa vida, desde a higiene pessoal até a manutenção do organismo.

Infelizmente, hoje em dia existem muitas pessoas que não reconhecem que a água, apesar de muito abundante em determinadas regiões, é um recurso natural esgotável, e devido a isto desperdiçam um bem que é patrimônio de todos. Este fato me preocupa, pois as consequências serão sentidas futuramente, e seremos prejudicados, deixando uma triste herança para os nossos filhos e netos. Além do desperdício, outro fator também ameaça a conservação desse recurso tão precioso. A contaminação das fontes de água potável está se tornando um problema cada vez mais grave.

Acredito que o poder de dar um fim ao desperdício da água e reverter esta situação está nas nossas, já que os jovens são a renovação do mundo em que vivemos. A juventude pode e deve colaborar com essa missão de preservação desse bem tão precioso. É nosso direito exigir das autoridades medidas que possam diminuir os efeitos da poluição das águas. A instalação de redes de saneamento básico é um exemplo de como assegurar o direito à população de ter acesso à água tratada.

Já a solução para o desperdício deve partir de cada um de nós, sejamos jovens ou não. A consciência é a maior arma de preservação dos recursos hídricos, e a melhor forma de conservar um patrimônio natural da humanidade.

Espero que esta carta consiga sensibilizá-los, e que juntos possamos cobrar das autoridades, que têm o poder nas mãos, ações imediatas e eficazes de conscientização da população, investindo em obras de prevenção e preservação dos mananciais existentes que ainda não foram poluídos.

Os jovens já mostram sua força, ajudando a derrubar ditadores; em busca da democracia, muitos deram sua própria vida em campos de batalha. Por que não lutamos por esse bem precioso e indispensável para a existência de vida no planeta Terra?

Então, como nos propõe Geraldo Vandré, “Vem, vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer!”


Atenciosamente,





G1 

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