terça-feira, 25 de outubro de 2011

Forros de bolso com nomes de hospitais do Recife são despejados em lixão.

TORITAMA/RECIFE - Forros de bolso com nomes de grandes hospitais do Recife foram jogados fora no lixão de Toritama, no Agreste de Pernambuco. O material encontrado pelas equipes do Blog de Jamildo/NE10 e do Jornal do Commercio nesta segunda-feira (24) foi despejado em sacolas por caminhões de lixo no último sábado (22), segundo catadores que trabalham no local.
O material estava largado, amontoado, numa área mais afastada do lixão. Para chegar ao local é preciso enfrentar uma pilha de dejetos.
O primeiro objeto encontrado pela reportagem foi um retalho com a inscrição Angélica, mesmo nome da instituição de saúde americana identificado nos tecidos que estavam nos contêineres apreendidos há duas semanas no Porto de Suape, em meio a lixo hospitalar.

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Com ajuda dos catadores, a reportagem encontrou retalhos e forros de bolso já cortados e costurados com nomes de hospitais do Recife e de outros Estados, além de pousadas cuja localização não é conhecida. Havia material com as logomarcas do Hospital Jayme da Fonte, Unimed Recife, Itacor, Hospital Estadual de Sumaré, Hospital Porto Dias e das Pousada do Amor e Pousada Paraíso.
O nome do Real Hospital Português aparecia em bolsos que aparentavam ter sido arrancados de calças, pois já estavam devidamente tingidos e o contorno do forro apresentava costuras arrancadas.
Aldenize Tenório cata material no lixão de Toritama há três anos e disse nunca ter visto os forros antes. "Vimos que era igual ao que estava passando na televisão. Esses panos vieram nos coletores da prefeitura há, no máximo, três dias. Não mexemos porque não interessa à gente", disse ela.
O Blog de Jamildo/NE10 informou o que encontrou ao diretor da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), Jaime Brito. Ele prometeu investigar a denúncia, mas disse ser difícil descobrir algo pois, a partir do momento em que o material é deixado num lixão, a "rastreabilidade" fica comprometida.
Procurado pelo Jornal do Commercio, o presidente da Associação dos Lojistas do Parque da Feira de Toritama, Prudêncio Gomes, explicou que se as peças foram encontradas num lixão, mostram que os fabricantes da cidade que as encontraram em meio à sua produção tiveram a preocupação de descartá-las para não repassá-las aos compradores. "Nós não vendemos lixo. Fabricamos moda. O fato das peças terem sido jogadas fora mostra o esforço de uma minoria despreparada de fabricantes, que não chega a 10%, de corrigir possíveis erros. Até porque ninguém comrparia as peças se as vissem na feira. As fábricas sérias de Toritama trabalham com forros de bolso personalizados, produzidos em Sergipe e Minas Gerais", reforçou.
SURPRESA - O provedor do Hospital Real Português, Alberto Ferreira da Costa, demonstrou surpresa ao saber que tecidos com a logomarca do hospital foram encontrados em um lixão no Agreste pernambucano.
"O Hospital não tem nenhuma responsabilidade sobre os tecidos encontrados pela reportagem. Nós entregamos todo o nosso lixo hospitalar para uma empresa autorizada pela CPRH (Companhia Pernambucana de Meio Ambiente). Fazemos o descarte de acordo com a lei", disse Ferreira.
Ele contou ainda que há alguns anos o HRP realiza doações de lençóis em boas condições para o Hospital Evangélico da Torre. "Ajudamos o hospital não só com lençóis, mas também com equipamentos e outros materiais. Mas não acredito que essas doações tenham ligação com os tecidos encontrados no Agreste". Sobre o fabricante que fornece os lençóis para o Hospital Português, Alberto Ferreira informou que é a empresa Santista, com sede no Rio Grande do Sul.
O Hospital Porto Dias, que funciona em Belém, no Pará, também afirmou não ter responsabilidade sobre o material encontrado em Pernambuco, mas passou informações que podem ajudar a elucidar o ocorrido.
A diretoria do hospital contou que, no inicío deste ano, encomendou uma remessa de lençóis para a empresa paulista Sabie, especializada na confecção de enxovais corporativos. O material foi devolvido pelo hospital porque foi cortado num tamanho errado.
Essa empresa teria enviado um documento para o hospital informando que os lençóis seriam revendidos por um preço abaixo do mercado para outros clientes.
O Hospital Porto Dias afirmou ainda que o seu lixo hospitalar, seja infectante ou não, é recolhido por empresa credenciada do seu Estado.
A reportagem também tentou entrar em contato, por diversas vezes, com os diretores do hospitais Jayme da Fonte e Unimed Recife, ambos na capital pernambucana; Itacor, que funciona em Teresina (PI), e Hospital Estadual Sumaré (SP), mas não teve retorno. Os funcionários das unidades informaram que não conseguiram localizar os diretores na tarde desta segunda-feira.

Fonte: Blog do Valmir Andrade.

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