quarta-feira, 6 de julho de 2011

Miss deficiente visual DF tenta título nacional com vestido emprestado.

'Uma vendedora perguntou como uma cega poderia desfilar', conta miss.Misses de 14 estados e do DF disputam título no Rio Grande do Norte.

Uma funcionária terceirizada do Tribunal Regional Federal de Brasília disputa no próximo dia 23, com vestido emprestado e sandália doada, o título de Miss Deficiente Visual Brasil, que será realizado no Rio Grande do Norte. O concurso, que está em sua primeira edição, reúne candidatas de 14 estados e do Distrito Federal.
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Ciraiane Alves Aguiar tem 25 anos e mora em Samambaia, região administrativa do DF a cerca de 35 km de Brasília. Há pouco mais de um mês, a rotina dela se resumia a tarefas domésticas, cuidados com os dois filhos e o marido e ao trabalho no tribunal.
Ciraiane teve a vida transformada depois de ser escolhida Miss Deficiente Distrito Federal, no dia 31 de maio. Agora, além das tarefas do dia a dia, ela se desdobra para cuidar do corpo, do cabelo e da pele e para conseguir apoio para concretizar o sonho de ser eleita no concurso nacional.
O vestido que ela pretende usar na festa de gala do concurso foi emprestado por uma loja de Taguatinga, junto com a sandália doada por outro estabelecimento da cidade. Uma comerciante também ofereceu tratamento estético que, junto com as atividades físicas em uma academia, ajudou a miss DV Distrito Federal a sair dos 55,5 kg para 53 kg.
A passagem aérea para a capital do Rio Grande do Norte também está garantida – foi doada por um sindicato a pedido da administração de Samambaia. Uma organização social fez uma doação de R$ 1.000, que vai ajudar a custear parte do bilhete aéreo de uma das acompanhantes de Ciraiane. A hospedagem é oferecida pela organização do evento.
Com duas lesões nas retinas causadas por uma toxoplasmose congênita, doença transmitida por gatos e outros felinos contaminados, ganhando pouco mais de um salário mínimo e com o marido desempregado, Ciraiane diz que teve de lutar contra o preconceito para concorrer ao título.
Ela afirma ter ido a um shopping de Taguatinga atrás de apoio e, de loja em loja, explicou sua situação e falou da chance de ser eleita miss deficiente visual Brasil. Ciraiane disse que não conseguiu ajuda e ainda esbarrou no preconceito. “Quando estava saindo de uma das lojas, quando eu já estava de costas, uma vendedora perguntou como é que uma cega poderia desfilar”, conta.
"As pessoas ainda têm aquela imagem de que o deficiente precisa ficar dentro de casa, recebendo pelo INSS. Somos totalmente capazes de trabalhar e fazer tudo, se nos derem oportunidade. Com o concurso, me redescobri mulher, tinha assumido o papel de mãe e esquecido um pouco desse lado", conta Ciraiane.
Convite
O 1º Miss DV Brasil é promovido pela Associação de Deficientes Visuais do Rio Grande do Norte (Adevirn). O prêmio para a vencedora é bem mais modesto que o dado para a eleita para o tradicional Miss Brasil – a primeira colocada ganha um final de semana com acompanhante em qualquer cidade do Brasil. No Miss Brasil, que também será disputado em 23 de julho, a premiação inclui joias, carro e R$ 200 mil em contratos.
O convite da Adevirn para o concurso chegou no e-mail da Biblioteca Braille Dorina Nowill, em Taguatinga. Voluntária e uma das fundadoras da instituição, Dinorá Couto Cançado se entusiasmou com a proposta do concurso. Mobilizou sua rede de contatos e um frequentador da biblioteca que também é professor de goalball – jogo praticado por deficientes cuja meta é colocar uma bola com guizo no gol –, indicou algumas alunas para a seleção.
Diante do interesse de cinco mulheres, Dinorá e a coordenadora da biblioteca, Leonilde Maria Fontes, promoveram, na base do improviso e com ajuda de comerciantes locais, o concurso Miss Deficiente Visual Distrito Federal.
O júri da seleção, que contava com representantes do governo do Distrito Federal e do comércio de Taguatinga, utilizou os critérios beleza, charme, elegância, simpatia, traje de gala e traje de banho para avaliar as candidatas.
Ainda sem apoio do governo para promover a miss DV Distrito Federal na disputa nacional, Dinorá pensa agora em ampliar a participação do DF no evento. “Recebemos o convite da organização do evento para sediarmos no ano que vem. Falta o governo local perceber que essa é uma oportunidade para a capital federal se colocar como um exemplo no respeito aos deficientes visuais”, disse.

Um comentário:

  1. Mentira -->

    "...Com o concurso, me redescobri mulher, TINHA ASSUMIDO O PAPEL DE MÃE e esquecido um pouco desse lado"

    Não cuida dos filhos, não tem a guarda deles, já passou mais de 40 dias sem visitá-los podendo fazê-lo. Diz que vai aparecer e deixa as crianças arrumadas esperando como bobas.

    Nem a pensão que a justiça determinou paga, atrasada há mais de um ano...

    No mais, boa matéria e boa sorte a Miss-DV/DF.

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