terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Motorista de carreta depõe e não convence

SALVADOR – Classificado como “frio” pela delegada que investiga o acidente na BR-116 que matou dezenas de pernambucanos, o motorista da carreta, Márcio Clênio Machado, 55 anos, prestou depoimento na tarde desta segunda-feira (5) em Jaguaquara, município distante 70 quilômetros do local da tragédia.
Segundo a titular da delegacia, Maria do Socorro Damásio, a versão apresentada pelo condutor não condiz com os registros da Polícia Rodoviária Federal nem com o relato do motorista do caminhão-baú, Rodrigo de Almeida, 26, que também depôs e cujo veículo foi atingido no último sábado. A delegada está segura de que o condutor da carreta foi imprudente e invadiu a faixa onde estava o ônibus.


Maria do Socorro indiciou Márcio por homicídio com dolo eventual. Isso significa que o motorista não queria cometer o crime, mas assumiu o risco ao fazer uma ultrapassagem proibida no quilômetro 583 da BR-116. “Se ele tivesse ficado na faixa dele, nada disso teria acontecido”, comentou a delegada.
Márcio se apresentou à polícia por volta das 9h30, mas só prestou depoimento às 15h. O atraso ocorreu porque a delegada ficou aguardando o boletim de ocorrência da PRF e da cópia do depoimento do motorista do caminhão-baú, testemunha ocular do acidente. Segundo ela, o B.O. contém todas as informações e fotografias do local do acidente. O laudo pericial chegou apenas no começo da noite desta segunda, mas Maria do Socorro já havia se antecipado e conversado informalmente com um perito.

 “Ele me informou que não há marcas de frenagem da carreta na faixa onde ela deveria passar e, sim, na contramão”, explicou a delegada. Na curva onde ocorreu o acidente, que fica numa ladeira, há uma faixa para quem está descendo (nesse caso, a carreta), e duas para quem está subindo (ônibus e caminhão-baú).

 O depoimento de Rodrigo de Almeida, que durou cerca de uma hora, esclareceu ainda mais as circunstâncias do acidente. “Ele contou que estava na faixa da direita e viu o ônibus ultrapassá-lo na subida da ladeira, pela faixa do meio. Logo em seguida, viu a carreta descendo em alta velocidade e invadindo a faixa do ônibus”, relatou Maria do Socorro. “Rodrigo disse que quando o motorista da carreta percebeu que iria bater, tentou voltar, mas já era tarde demais e a carga do veículo atingiu o ônibus em cheio.” O caminhoneiro viajava de São Paulo para Feira de Santana, na Bahia.

 FRIEZA - O condutor da carreta, de placa KBD-2342, de Criciúma, em Santa Catarina, falou à delegada por uma hora e 20 minutos. “Ele negou tudo. Disse que a culpa foi do motorista do ônibus. Mas o que me impressionou foi a frieza com que ele falou. Nem parecia que esteve envolvido num acidente que matou 34 pessoas. E é lógico que ele iria acusar o condutor do ônibus, o homem morreu e não pode se defender”, opinou.


 Márcio Clênio Machado é de Criciúma e voltou para casa, onde deverá aguardar a convocação da Justiça. Horas antes do acidente, ele havia saído de Feira de Santana (BA) para o Rio de Janeiro, com a carreta carregada de gesso.



Por:Vadilson Oliveira

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